Hoje, não sei lá porquê lembrei-me do meu professor de escola primária! M. Pietri! Transpirava a Corsega! Meio árabe, meio capo da Máfia, este homem, era o "terror tranquilo". Quando olhava para nós com aqueles olhinhos pretos, só queriamos esconder-nos, desaparecer... alguma coisa não estava bem. Era de poucas palavras, e o tom era grave e baixo. Parece cliché, mas é verdade. Mandava-nos somente com um gesto ao quadro, cruzava as pernas encima na mesa dele, e fazia as perguntas... muito devagarinho, de um tom quase ameaçador. Erávamos, claro que erávamos, e ele, sempre com o mesmo tom, sugeria, ajudava paternalmente a vítima.
Um dia, "esqueci-me" de fazer os meus deveres de francês, porque tinha a mania que já sabia ler (o meu pai fez-me o "favor" de me ensinar a ler antes de entrar na Primária)... ele, certamente que já me tinha topado! Como não seria! Um capo manhoso daqueles!... mandou-me ler o exercício que haveria de ter feito. Catástrofe! Sufoco! Ia morrer!... quando lhe disse que me tinha esquecido, retorquiu que queria ter uma reunião com os meus pais, e fez questão de precisar que era com os DOIS. Ora, quem conhece o meu pai, sabe que nem ele nem a minha mãe são sopa; mas o meu pai é mais sopa com o pote todo de piri-piri! Ninguem imagina, o quanto quis fugir nessa altura, o quanto me senti perdida: que maldade! que crueldade! Ele sabia! Sabia que CERTAMENTE o meu pai, esse pai latino, ditaria a minha sentença!...
Isso aconteceu uma manhã. Lembro-me de andar apagada o dia inteiro, e quase no fim da tarde, mandou-me ao quadro, para resolver um problema de matemática. Em situação normal, estaria cheia de medo, mas nessa altura já nada me importava, já nada temia, em comparação com o que me esperava. Resolvi o imbróglio de matemática, e já de regresso à minha mesa, disse-me: " Vá lá, já nem mereces que chame os teus pais!"...
...
...
Sentei-me, sorri, e os meus amigos saborearam comigo o desenlace do MEU problema!
E dele, sempre guardei essa imagem de muito respeito, e de grande saber.
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terça-feira, novembro 06, 2007
Estudo (sort of), logo...IV
terça-feira, setembro 25, 2007
INTREVADA...
Não sei se o destino anda a pregar-me partidas (que não tem graça nenhuma), mas hoje estava eu a despachar para estacionar o carro fora das muralhas e a "correr andando" (tipico de quem anda com uma carrada de coisas nas mãos e que é visceralmente contra os atrasos), e dei por mim a pensar que não queria esta vida pra mim (outra vez...)... e não é que nesse preciso momento, "estala-me" o musculo ou o tendão da perna esquerda!!! Fiquei no mesmo sitio, sem poder dar um passo para a frente! Direcção urgências...
"Vòxê tiene que ficarrr dé repouço una semana nô minimo, con la pierna suxpensa; So puede lévantarrr-se parrra irrr al baño. E beberrr mucha agua!"
Assim?! Sem notificação prévia? E prazo pa contestar,não há?
*ODA - SE!!!!
quarta-feira, junho 06, 2007
"Starry, Starry Night"...
Hoje corre-me tudo mal.
Só espero que o amanha seja mais indulgente comigo.
Pensei no destino, na minha solidão, no peso que carrego no peito, nas situções profundamente injustas pelas quais passei.
Até os e-mails dos amigos hoje, estavam tristonhos.
Nada ajudou.
Se fosse Deus, arrasava com a Terra. Mandava tudo para o ar! fazia um erase deste planeta, e começava tudo de novo. Se tivesse feito isso logo de início, não estavamos nesse ponto.
Não, não, hoje, não estou nada bem.
Só espero que o amanha seja mais indulgente comigo.
Pensei no destino, na minha solidão, no peso que carrego no peito, nas situções profundamente injustas pelas quais passei.
Até os e-mails dos amigos hoje, estavam tristonhos.
Nada ajudou.
Se fosse Deus, arrasava com a Terra. Mandava tudo para o ar! fazia um erase deste planeta, e começava tudo de novo. Se tivesse feito isso logo de início, não estavamos nesse ponto.
Não, não, hoje, não estou nada bem.
segunda-feira, abril 23, 2007
DIA VERY NÃO...

Há dias que me levanto, e já estou mal disposta. Hoje é um dia destes. Por acaso, é segunda-feira... mas é só por acaso, poderia ser uma quarta ou mesmo uma sexta. Claro que, raramente me acontece tal fenómeno aos sabados. Ah! benditos sabados! São maravilhosos, majestuosos, esperançosos... LINDOS!
Pois sim. Hoje só quero que o dia acabe, e depressa. Dei por mim no carro, a achar que é muito mal pensar assim, porque tenho que considerar que é um dia a menos na minha vida. Porra! Coisa mais sem lógica! Como se pode desejar que um dia acabe o mais depressa possivel, e querer da mesma forma viver o mais tempo possivel?! "Perder" um dia de vida?!
De facto, temos muito essa reacção, porque inconscientemente achamos que vamos viver ainda milhares e milhares de dias. Grande pretensão. É nesse momento que queremos nos substituir a Deus, porque estamos convencidos que somos poderosos, mestres da nossa vida, e quase-imortais (uns deuses??)
Claro que temos escolhas para fazer, e podemos escolher o nosso rumo... em geral... porque depois, outros vectores entram em conta, e "UPS! COMO È QUE ISSO È POSSIVEL TER ACONTECIDO?"
-Como é possivel eu ter virado advogada?
-Como é possivel ter vindo para a uma vila da provincia profunda ... de PORTUGAL??!
-Como é possivel eu já não gostar de manga?
-Como é possivel G.W Bush ser presidente dos USA?
-Como é possivel ter mais de 1,2 milhão de franceses expatriados no mundo?
-Como é possivel eu não ter podido ir votar ontem no Consulado francês no Porto?
-Como é possivel não saber ler?
-Como é possivel ....?
...
Há dias em que acordo e gostaria de apagar o dia da minha vida.
terça-feira, fevereiro 27, 2007
QUESTION EXISTENTIELLE...
Qual é o meu desígnio na vida? O que faço aqui? Terei algum destino para cumprir? Nasci com alguma tarefa marcada?
Ás vezes paro, e questiono-me sobre a minha existência.
1. Versão existencialista:
Estou cá por acaso. Nasci do encontro ocasional de um espermatozoide e de um óvulo. Sou um ser humano de 31 anos de idade, que por razões sociais e políticas nasceu em França e por lá estudou, escolhendo por um mero acaso o curso de Direito, em Paris. Por simples vontade de mudanças de ares, também estudei em Coimbra. Conheci por encontro involuntário o meu marido.
2. Versão marxista:
Sou produto do proletariado, e estudei para servi-lo, sendo solidária, desprezando o grande kapital, e trabalhando para o bem público: o Estado. Realizei por instrumento público, o meu casamento, no sentido de procriar e fornecer, desta forma, ao Estado, outros trabalhadores para a grande Nação.
3. Versão liberal:
Nasci de dois imigrantes em França. Com trabalho árduo e frutuoso, os meus pais incentivaram-me a estudar numa das melhores faculdades de Direito de França. A minha mãe obrigou-me a frequentar um Conservatoire de Musique, para aprender piano, durante uns 12 anos. Da minha vontade, esforço e do meu mérito, consegui uma Maitrise en Droit, e um Master. Convivi com as elites.
Quis aventurar-me em Portugal. Conheci, durante a minha estadia na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, quem viria a ser o meu marido, atraente, engenheiro, culto, e de boas famílias.
4. Versão Cristã
Nasci de dois católicos, em França, sendo a mãe uma devota de Nossa Sr.ª de Fátima. Deus sempre me ajudou nas minhas escolhas, e percebi inumeras vezes que Ele estava a apontar-me para um caminho. Escolhi o curso de Direito, inconscientemente, mas no decurso dos estudos, percebi indubitavelmente que era o curso da minha vida. Com o cruzar de outras pessoas e de vivências decidi voltar às raízes da minha existência, e encontrar-me comigo própria. Quando resolvia partir de Coimbra, encontrei a minha alma gémea. Casamos passado 5 anos, na igreja de Santa Eulália, em Caminha.
...
Suite, aux les prochains épisodes...
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