sexta-feira, novembro 06, 2009

Saudades do meu avô Raúl...

Faleceu o meu último avô.
É o decurso normal da vida, sei.
Os filhos não sentiram muito, por ele ter sido sempre ausente, por ele ter abandonado a minha avó, na dor, nas grandes dificuldades economicas, com 4 filhos e 2 idosos.
Mas gostava dele.
Gostava muito dele.
Um dia, ele decidiu nunca mais voltar para Portugal, por vergonha, por ser muito pobre e porque tinha prometido que voltaria abastado e que a família nunca mais teria dificuldade.
Foi atraiçoado pelos irmãos, aqui em Portugal
Foi atraiçoado pela 2ª mulher, lá no Brasil. Há quem diga que cá se fazem, cá se pagam.
O meu avô pagou. Tudo. Passou fome, agonia, solidão, tristeza.
Um dia quis conhecê-lo. Nenhum dos filhos sabia dele desde os anos 50. A minha mãe , a «caçula» dos irmãos, nunca o tinha visto.
Escrevi à Embaixada de Portugal, obtive resposta passados uns meses. O meu avô estava vivo! Após anos de troca de cartas, em 2001,  veio cá. Ficou apavorado com uma Lisboa mudada, perdeu-se em Viana e agradou-se com Caminha.
Voltou a ver a família, os amigos. Os filhos perdoaram-lhe e os netos tinham longas conversas com ele.
Como fomos felizes nesses 3 meses em que ele cá esteve!
Nunca me hei-de esquecer daquele «picolé» que me ofereceu, naquela praia de Baiona, em Setembro, uns dias antes de voltar para o Brasil, e de nunca mais o ver.

1 comentário:

Eira-Velha disse...

Gostei... Muito... Apesar de ser uma história de vida como houve muitas assim cá pelo Norte.
Apesar de tudo, gostaria muito de ter conhecido um avô ou avó, mesmo que fosse ausente...