Faleceu o meu último avô.
É o decurso normal da vida, sei.
Os filhos não sentiram muito, por ele ter sido sempre ausente, por ele ter abandonado a minha avó, na dor, nas grandes dificuldades economicas, com 4 filhos e 2 idosos.
Mas gostava dele.
Gostava muito dele.
Um dia, ele decidiu nunca mais voltar para Portugal, por vergonha, por ser muito pobre e porque tinha prometido que voltaria abastado e que a família nunca mais teria dificuldade.
Foi atraiçoado pelos irmãos, aqui em Portugal
Foi atraiçoado pela 2ª mulher, lá no Brasil. Há quem diga que cá se fazem, cá se pagam.
O meu avô pagou. Tudo. Passou fome, agonia, solidão, tristeza.
Um dia quis conhecê-lo. Nenhum dos filhos sabia dele desde os anos 50. A minha mãe , a «caçula» dos irmãos, nunca o tinha visto.
Escrevi à Embaixada de Portugal, obtive resposta passados uns meses. O meu avô estava vivo! Após anos de troca de cartas, em 2001, veio cá. Ficou apavorado com uma Lisboa mudada, perdeu-se em Viana e agradou-se com Caminha.
Voltou a ver a família, os amigos. Os filhos perdoaram-lhe e os netos tinham longas conversas com ele.
Como fomos felizes nesses 3 meses em que ele cá esteve!
Nunca me hei-de esquecer daquele «picolé» que me ofereceu, naquela praia de Baiona, em Setembro, uns dias antes de voltar para o Brasil, e de nunca mais o ver.
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sexta-feira, novembro 06, 2009
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