terça-feira, agosto 01, 2006

YOGURT DE VERÃO...

«...Beijei-lhe o cabelo espesso e emaranhado - e, ao sair os lábios dela pousaram-se-me, pegajosos e salgados, no canto da boca - Que Deus te proteja - e era o que ela riscara da carta a Henry. Responde-se "adeus" ao adeus de alguem, a menos que nos chamemos Smythe , e foi automaticamente que lhe retribuí a benção; e, ao voltar-me para trás, quando saía da igreja, vendo-a curvada no limiar do claror das velas, como um mendigo que veio aquecer-se um pouco, fui capaz de imaginar um Deus abençoando-a: ou um Deus amando-a. ...»

O Fim da Aventura, Graham Greene

Como eu gosto deste autor! Já tinha saudades, ié já não lia nada dele pr'ai há 10 anos. No entanto, este romance fez-me redescobrir Greene, de uma certa forma. Grande, avassalador e apaixonante.
E que descoberta mais estranha: este livro comprei-o... como brinde de yogurtes... aliás, comprei os yogurtes porque vinha esse livro em brinde.
Por acaso, tenho um defeito (ou será uma qualidade?), gasto muito em livros, em leitura, se fosse rica, gastava uma fortuna semanalmente na fnac.
A minha mãe achava-me estranhíssima quando pequena ainda, atrasava-me no pequeno-almoço a ler os rótulos das garrafas, do leite, as instruções de uso dos electrodomésticos. Passava fins-de-semanas e férias a fio, lendo.
Isso tudo devido (em parte ok...)ao meu caro paizinho (devo agradecer-lhe ou não?) que se lembrou de ensinar a ler à estalada a sua filhota primogénita, isto antes de entrar própriamente na escolinha.
Resultado: andei 5 anos a pastar nas aulinhas, criando-me assim une petite paresseuse, que não fazia os deveres (ou fazia na aula propriamente, e quando já não ia em tempo de os fazer desfarçadamente, era punições atrás de punições).

Mas assim é a vida, e afinal, ainda não me saí muito mal.

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