No limiar...

O contentamento e a tristeza estão muito próximos… estão unicamente separados por uma linha muito fininha, e frágil. É bastante fácil passar de uma para a outra situação, se não tivermos vontade de ser feliz. É só uma questão de vontade, por mais fraca que seja, não de determinação, porque isso supõe esforço, e força de carácter. Sim, talvez para algumas coisas na vida precisas de força de carácter, mas não para ser feliz. E por vezes parece tão difícil, mas não é: só se precisa querer não quebrar essa linha. Tive um professor – e com muita honra ensinou-me, e mais propriamente revelou-me certas subtilezas na vida – que dizia que por mais chocante e absurdo que pudesse parecer, a pessoa que estava em estado de depressão (sim… não existem mais deprimidos ou esquizofrénicos, ou ainda alcoólicos, só existem pessoas com patologias), fosse ele leve ou profundo, NÃO QUERIA sair deste estado.

Levanto-me todos os dias com vontade, por mais que a vida não tenha sido fácil este últimos tempos (anos!), mesmo sabendo que continuo sendo uma privilegiada de uma certa forma, e que “quebrando a linha” só ia fazer com que a minha realização se tornasse ainda mais lenta. Contudo, tenho saudades deste estado de leveza, desta minha realização pessoal. Sim, tenho saudade desta condição em que parece que se anda acima do solo, sem tocar o chão, numa paz feliz suave e absoluta.