"...E confesso que as mulheres com mais sensibilidade, humana e artisticamente falando, gostam e usam poesia. Das que conheço" JG
...
Gosto de poesia. Sim.
No entanto, sou uma mulher sem sensibilidade por alí além, daquelas que quando se passa por elas, se diz que são autênticas brutamontes. Duras essas minhas palavras! Mas infelizmente tão verdadeiras.
Deixei essa sensibilidade (nem sei se alguma vez a tive) à porta dos meus 30 anos. Ou terá sido antes?
A prática levou-me a deixar de lado essa faculdade de sentir, se assim posso dizer, e encarar uma grande parte da minha vida de um ponto de vista mercantil. E então sim, o “vil metal” acerbe; posso garantir.
Afigura-se, caro Jg, que em tempos até altruísta fui! Belos tempos! Tempos em que poemas de Baudelaire e de Rimbaud faziam parte do meu dia-a-dia, em que levantar-me todos os dias não me custava nada (nem um tostão!), em que uma insustentável leveza fazia parte do meu ser [que saudades de Kundera…]. Enfim, momentos estes que findaram, e foram arrumados no fundinho de um recanto da minha memória.
Houve tempo ainda, em que me pasmava com sonhos de artista. Idealizava eu, do alto dos meus 17 aninhos que deveria encontrar a minha vocação nas Artes!
Quanta quimera!
Acabei (será?) nesta minha profissão, um pouco “por- acaso-mas-sem-sê-lo-totalmente”, e ainda me horrorizo todos os dias que Deus faz, com a pequenez e estreiteza de espírito das pessoas com quem lido, diariamente. Será sinal de esperança ou desespero? Não sei. Contudo, neste caso, apostava no desespero.
Por isso vos digo, caro Jg, essa sua teoria tem pelo menos uma excepção.
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1 comentário:
Rubia,
A sua carta aberta é a prova provada de que é uma alma sensível. Não o fora e o assunto teria sido remetido para as calendas gregas.
Há uma diferença considerável entre ser sensível e agir com sensibilidade.
A Rubia é sensível. Contudo, concordamos que para se movimentar no seu meio profissional, essa particularidade tem que ser, e é-o certamente, mt bem gerida. Sob pena de ser trucidada por colegas, por clientes e até pelo sistema.
Esse fato/couraça de trabalho que é obrigada a envergar, não faz parte de si. É um instrumento ao seu serviço.
A arte e poesia moram dentro de si. E preza-as tanto que as guarda a sete chaves na esperança de poder usufruir delas a seu tempo. E bem.
Nem que para o efeito tenha que ser brutamontes e lever por diante tudo e todos que, no seu conceito de justiça, o mereçam. E bem.
P.S. Por acaso a Rubia tb não é, felizmente, excepção à minha teoria. Mas passou-lhe despercebido o pormenor final do meu comentário que refere que a minha teoria é sustentada, apenas, pelas mulheres que conheço.
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