terça-feira, junho 19, 2007

OVER...

Hoje não estava mesmo "pr'aí virada". Farta de gente, farta de falar, farta de ouvir, farta de ler.
Queria fugir!
Julgamento marcado às14h...
Tinha pedido ao meu constituinte que me trouxesse uma declaração/atestado médico do psiquiatra dele, TRADUZIDA (o arguido é galego) para o dia do julgamento.
Trouxe-me um papel MANUSCRITO (os gatafunhos de médicos são universais...), e claro sem ser traduzido.
Evidentemente o meu requerimento de junção do dito documento foi indeferido com a boca torcida da juiz a dizer-me molemente: "oh dra... isso... isso... não se percebe patavina!?"
Segundo grande acontecimento: o médico de familia do arguido, testemunha fundamental decidiu não vir... e claro, sou informada na ultima da hora!
Quase em pânico, lancei-me numa operação-suicida: peço para falar um momento com o meu constituinte, e de repente, despejo-lhe uma catréfada de frases e palavras que sabia incompreensiveis (e stressantes) para ele, sem o deixar respirar, ficando aflito, quase com um ataque cardíaco, e logo de rajada, entro novamente na sala de audiências.
Ao interrogá-lo, a juiz constata que ele não consegue dizer coisa com coisa, que fica vermelho que nem um pimentão, que explode, transpira abundantemente, sopra, diz palavrões, sacode a cabeça repetidamente... uma catástrofe! Vi um certo medo nos olhos da juiz e da delegada do MP, ah se vi!

Fez-se prova: inimputavel...
Absolvido.

Noutros tempos, nunca teria ousado sequer continuar com o julgamento. No entanto, hoje pensei que não queria voltar a ver esse bandalho, aturá-lo, preocupar-me com o julgamento, com a prova, etc.
No final, ainda pensei ligeiramente na deontologia profissional do advogado: será que não estiquei a corda?... ri-me sozinha.

Sinto que mudei.

3 comentários:

Eira-Velha disse...

Já sei como me hei-de comportar quando estiver no banco dos réus perante uma dondocas trajando togas e becas e outras coisas que tais...
Avermelho-me, bufo, transpiro e despejo uns palavrões e pronto... inimputável...
Alguém terá perguntado à vítima (?) o que pensa sobre o assunto?

Rubia disse...

...era (só) 1 crime de desobediência... n havia propriamente 1 vitima.

Anónimo disse...

Muito bem linda :) estou muito orgulhosa de ti, estás a ficar uma Advogada com "A" grande ;) bjito