quarta-feira, junho 27, 2007

Delírio de uma alma penada...

Isto não pode continuar assim... Não pode.
Esta superficialidade, esta injustiça.
Nem me consigo encarar de manhã.
Se pudesse fugia, e não deixava rasto.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sabe, hoje também me sinto assim... Ou melhor, hoje tomei consciência que também me sinto assim. E reconheço-me sempre nas palavras escritas de Pessoa que guardo religiosamente.
" Estou hoje vencido como se soubesse a verdade.
(...)
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
(...)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
(...)
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário como um cão(...)
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

F.Pessoa(Álvaro de Campos), Tabacaria

Voçê é sublime, em momento algum se esqueça disso.