Um dos meus clientes, tem sido um dor de cabeça para mim, gosta de se mentir a ele proprio e gostaria que o mundo girasse à volta dos desejos dele.
Como lhe hei-de de dizer que um comprovativo de pedido de bilhete de identidade numa conservatória não prova que nesse mesmo dia, a namorada e ele falaram em casar-se, nem muito menos que houve promessa de casamento?
Como lhe hei-de explicar que as escapadelas sempre discretissimas com a tal senhora, ainda que tenha recibo do hotel em Coimbra, não pode provar que estiveram no Penedo da Saudade a fazer juras de amor e promessas de casamento?
Mais, como lhe hei-de dizer et fazer com que ele perceba que o dinheiro que a tal senhora lhe emprestou é para devolver ainda que com esse dinheiro ele comprou uma a vivenda enorme a pensar (hipotéticamente) numa vida em comum?
Como lhe hei de explicar que o facto de passar habitualmente o fim-de-semana e algumas noites da semana em casa dela, não perfaz a figura jurídica da união de facto?
Não quer ouvir, insiste em não achar «justo» o facto de ter que entregar o dinheiro emprestado, e que até tem direito a uma indemnização por ela ter rompido sem razão e por ter arranjado outro entretanto.
Vejam só. Voltamos aos tempos do Estado Novo